OUT.FEST 2017
Barreiro
5-7 Out 2017
7 Outubro

O último dia de Out.Fest foi, também, o mais preenchido. Há culpados para tal, sendo que um deles não foi certamente Simon Crab, que em palco apresentou uma onda cósmico-dançável feita de synths e do trabalho impecável de uma baterista, que a dada altura se colocou diante do microfone para entoar um poema robótico e imperceptível após ter devorado o mundo com uma deliciosa marcha marcial. Mais culpados que ele terão sido os This Heat, que não eram os This Heat, e que fizeram questão de o provar através de duas baterias e uma viagem interminável pelo rock progressivo segundo figuras como Henry Cow ou os Art Bears, onde a única regra era a de não aparentar qualquer tipo de ortodoxia. Mesmo com um atraso de meia hora em cima, os britânicos não fizeram a coisa por menos e foram puxando dos galões e galardões, para entregar a um público sedento o peso de mais de 40 anos de história.

Peso tiveram, também, os Black Dice - esses sim, os grandes vencedores da noite, quanto muito não seja porque muitos dos presentes se lembraram de que eles, a dada altura, fizeram parte da reputada família DFA. Em palco, não mostraram rock, mas descarregaram uma quantidade bonita de noise para dançar ou pular, tal como o fez o seu mestre de cerimónias, apostado em perder umas quantas gramas de gordura. Na mesma medida em que os graves se foram abatendo sobre a ADAO, muitos outros procuraram ver, nos Black Dice, a confirmação de que é possível fazer muito segundo regras novas. Um pouco como os Animal Collective e Panda Bear, avistado no público, sem se saber se jantou frango do Pingo Doce ou não. No final, Nigga Fox fechou o evento com aquilo que já se poderá descrever como o som da Príncipe, que elevou a periferia de Lisboa a lugares nunca antes alcançados. Se já estava quente com os Black Dice, ali ficou a ferver.
· 12 Out 2017 · 22:33 ·
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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