Xenia Rubinos
Sabotage, Lisboa
09- Nov 2016
Acordámos com a sensação de que estaria tudo perdido. O que é arte perante nova perspectiva de fascismo, sem que ninguém faça nada ou pareça querer fazer alguma coisa? Que é a América-ideia, a liberdade de e para todos os povos independentemente de raça ou credo ou sexualidade? Como se canta a liberdade em cima do muro e sobre o medo? Há muitas respostas para estas perguntas mas nenhuma delas é concreta - não há consenso, não há união, não parece existir uma réstia de esperança numa sociedade melhor. Somos todos medíocres e continuaremos a sê-lo.

Xenis Rubinos olhou para isto, disse "não", e veio até ao Sabotage não só para espalhar um amor do qual bem precisamos mas também, pela força da sua voz e da banda que a acompanha, destruir todas as barreiras que imperam entre o "nós" e o "eles". Em pouco mais de uma hora, a cantora barra activista, que é uma das minorias em risco num país ferido na sua génese e zombie na sua diferença, pulou pelo pequeno palco, subiu à bateria, abraçou jovens e jovens e destilou temas soul com uma ferocidade punk impressionante.

Atordoados, descrentes ou deprimidos, não foram muitos os que se deslocaram até ao Sabotage esta noite. Mas todos eles saíram de lá com a ideia de que sim, poderá haver um pingo de luz num oceano de sombra, poderá existir um antídoto contra a anedonia - Rubinos mostrou-nos que sim, recorrendo a temas do recém-editado Black Terry Cat e quase partindo a sala toda com a sua energia frenética, entre John Lydon e Macy Gray. Um concerto impressionante que irá permanecer na caixa do devias lá ter estado. Pois deviam, pois deviam.
· 11 Nov 2016 · 23:39 ·
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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