SeixalJazz 2014
Fórum Cultural, Seixal
17-25 Out 2014
O festival de jazz do Seixal arrancou com a actuação do Craig Taborn Trio, no dia 17 Outubro. O pianista americano regressou a Portugal depois de ter actuado no Jazz em Agosto 2006 com o seu projecto Junk Magic (belíssimo disco na Thirsty Ear). Apresentando o recente disco Chants (ECM, 2012), Taborn chegou ao Seixal acompanhado por Thomas Morgan no contrabaixo e pelo baterista JT Bates. O baterista original do trio é o extraordinário Gerald Cleaver, mas este teve de abandonar a tour devido a problemas pessoais.

Dividida em duas partes, como habitualmente acontece no SeixalJazz, a actuação do trio foi globalmente interessante. O grupo mostrou a sua música de matriz clássica, com uma enorme fluidez. Longe da electricidade do Junk Magic, a música do Taborn actual é mais contida, mais focada. No primeiro set foi desvendada a unidade colectiva do trio, com Thomas Morgan em bom plano. Já na segunda metade o trio entrou com mais intensidade e mais ideias, com mais destaques individuais. O baterista mostrou-se à altura do desafio, ocupando o lugar de Cleaver sem comprometer. Na noite seguinte actuou o trio do pianista Mário Laginha, com Bernardo Moreira no contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria.

Craig Taborn Trio © C.M. Seixal

O segundo fim-de-semana do SeixalJazz abriu com a actuação do Atlas Trio, projecto liderado pelo francês Louis Sclavis. Com um disco editado também na ECM (Sources), o Atlas Trio reúne o palhetista francês com Gilles Coronado na guitarra eléctrica e Benjamin Moussay no piano e teclados electrónicos. A principal curiosidade estava em ver como se articulavam guitarra e piano, instrumentos de cariz harmónico. Guitarra e piano foram alternando papéis, por vezes a guitarra a manter um simples papel rítmico, com o piano a abrir a paleta. Outras vezes ficava o piano a repetir padrões, deixando a guitarra à vontade para explorar sem rede. Sobre os dois voava o clarinete de Sclavis, com o seu som sempre assertivo, sempre impecável, nos clarinetes - sobretudo no clarinete baixo.

Louis Sclavis © C.M. Seixal

Transversal a referências, desde o rock às atmosferas mediterrânicas, passando por momentos evocativos de música de câmara, a música deste trio funciona no ponto de intersecção de múltiplas origens. Contudo, mais do que pormenores de género ou estética, ou mesmo mais do que o sopro criativo de Sclavis, a nota de maior destaque terá ido para a forma como guitarra e piano se entrelaçavam, dialogando, num equilíbrio bem trabalhado. Na noite de sexta, dia 24, actuou o Carlos Barretto Lokomotiv, com o saxofonista convidado Ricardo Toscano – jovem promessa do jazz nacional. O festival fechou com a actuação do quinteto liderado pelo trompetista Ambrose Akinmusire, figura maior do trompete no jazz mainstream contemporâneo.
· 27 Out 2014 · 22:36 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

Parceiros