Ginger and the Ghost
The Finsbury, Londres
26- Mai 2014
A cidade é Londres. A esquina é com Brick Lane. Missy, viria a saber depois o nome, fazia piças (mesmo assim) com as duas mãos a um Hummer gigante que tentava contornar a rua com grande dificuldade. “Odeio estes gajos”. Mais piças. Depois chegou Daniel. São dois artistas visuais e músicos australianos que se encontravam pela Europa – e naquele fim-de-semana em Londres – para alguns concertos. Juntos, Missy e Daniel, são os Ginger and the Ghost. Ginger porque ela, alta e magra, é ruivíssima; Ghost, porque, bem, não faço ideia. Mas soa bem. Apresentações, mil piadas, dois abraços. Coisas das cidades grandes.“Tocamos amanhã em Finsbury, aparece”.

© Angela Costa

Dito e feito. Não sem antes passar pelo Youtube para ver de que eram afinal os Ginger and the Ghost feitos. Coisas da modernidade. Com um EP lançado, Missy e Daniel fazem canções ligeiramente alienígenas: é música pop mas depois é muito mais do que isso. A voz de Ginger é doce, ligeiramente infantil, porque ninguém deve perceber a criança que tem dentro de si (disse algures no concerto), mas com a força suficiente para agarrar as canções pelos cornos (maldita tauromaquia). “One Type Of Dark”, uma das canções que apresentaram no concerto, é um excelente cartão-de-visita: entre a luz e uma certa negrura, há muita magia. Algo que foi possível comprovar ao vivo.

© Angela Costa

A noite no The Finsbury teve mais algumas bandas mas nenhuma ao nível dos Ginger and the Ghost (a própria Missy confessou em privado que os nova-iorquinos Dark North foram fabulosos mas não deu para os apanhar em tempo útil). Apesar do ingrato da situação (só houve tempo para line check, para ensaiar a construção de um cenário que se foi desvendando sem surpresas e com o barulho do público), e num concerto com apenas uma dúzia de canções, Ginger e Daniel mostraram atributos suficientes para que o crescimento da dupla seja rápido e glorioso.

© Angela Costa

Por vários motivos e mais algum. Por canções como “Where Wolf”, pela atitude de Ginger em palco (do guarda roupa faz parte um “vestido” 90% transparente com olhos gigantes no lugar das mamas), pela astúcia de Daniel, entre a guitarra eléctrica e as programações, e por tudo isso junto. Coisas do mundo. Ponham os olhos neles. Vocês e quem os puder trazer a Portugal nos próximos tempos.
· 29 Mai 2014 · 00:29 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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