CĂ­cero
Passos Manuel, Porto
05- Abr 2014
Depois de um concerto no Vodafone Mexefest e mais dois concertos em território português, o brasileiro Cícero estreou-se no Porto e com uma casa cheia. Na bagagem trazia os seus dois belos discos de originais – Canções de apartamento e Sábado – e, menos literalmente ainda, dois músicos brasileiros que se juntaram a mais dois portugueses – entre eles Fred, dos Buraka Som Sistema.

© Angela Costa

Com esta equação tornava-se fácil perceber que as canções dos dois discos de Cícero Rosa Lins, gravadas de forma caseira, ganhariam uma nova roupagem; mais cheia, mais “sonora”, mais complexa. Dito e feito. Pelo menos quando comparado com a formação com que se apresentou em 2013. Tirando uma ou outra excepção, os novos arranjos das canções mostraram-se sempre vencedores e a aposta ganha.

© Angela Costa

Em disco como ao vivo, Cícero mostra-se – e prova-se – facilmente como um dos melhores compositores brasileiros da actualidade. Não só na forma como usa a palavra mas também na forma como arranja as canções para nelas se deitarem essas mesmas palavras. E mesmo quando não há palavras: como “Capim Limão” soou gloriosa nas suas guitarras e no seu doce balanço.

© Angela Costa

Destaques são muitos: o tique-taque viciante de “Ela e a lata”, a doçura sussurrada de “Cecília & os Balões”, a fúria contida de “Açúcar ou Adoçante?” (com uma descarga sónica acima da média), a inevitabilidade bossa de “Tom de pipa”. São muitos os motivos para celebrar Cícero e as suas canções sobre o lado mundano da vida. É fácil fazer da sua música um espelho. E porque todos nós queremos ter um espelho por perto, resta dizer: volta rápido, Cícero.
· 15 Abr 2014 · 01:48 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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