Optimus Clubbing Dezembro
Casa da Música, Porto
3 Dez 2011
Quando entramos na sala Suggia, cheia como um ovo, já os Suuns mostravam ao Clubbing canções tingidas de negro, carregadas de bonitas complexidades: as do muito interessante Zeroes QC e as que vão fazer parte do novo disco a ser editado em 2012. Faziam-no já com uma convicção contagiante: com rasgos de electrónica, com uma fúria que se sentia a metros e metros de distância. A noite fria, apesar das cores acinzentadas da música dos Suuns, virou quente e a estreia da banda por território luso começou a ganhar cores vivas. Canção após canção, os Suuns mostraram os seus encantos: da electrónica bem esgalhada ao krautrock, ao rock puro e duro, tudo com conta peso e medida. O Clubbing de Dezembro arrancou bem e com cagança.

Suuns © Angela Costa

O que deu para ver do concerto de Battles antes do próximo momento de interesse na Sala 2 deu para confirmar as suspeitas e as experiências de concertos anteriores: os Battles são óptimos músicos, tocam com uma intensidade incrível, são tecnicamente irrepreensíveis, escreveram uma canção incrivelmente excitante (chama-se, claro, “Atlas” e é de perder o fôlego ao vivo) mas o que sobra daí é, na maior parte das vezes, insuficiente para não se arredar pé.

Battles © Angela Costa


Battles © Angela Costa

Cada início de canção promete algo que raramente cumpre: uma excitação que desaparece à medida que o tempo passa, uma ansiedade que se torna tantas vezes em aborrecimento. Os Battles têm tudo para ser uma banda inesquecível, mas não são. São como aquele flirt com aquela miúda incrível que perde a pica antes de se chegar sequer à cama. Se todas as canções tivessem pelo menos perto de “Atlas” – “Ice Cream” não sendo incrível até se chega a aproximar – os Battles seriam enormes; mas não são, apesar de toda a intensidade que possam espalhar.

Throes + The Shine © Angela Costa

Por falar em intensidade, ali perto os Throes + The Shine deram uma enorme festa com aquela mistura de rock e kuduro que vai dar muito que falar em 2012. Os Throes dão os riffs e a brutalidade, os The Shine atiram para cima as palavras de ordem, as palavras, o groove todo. O repertório pode ainda ser curto – não há disco, não há EP, só há um single e uma Videoteca Bodyspace – mas é já mais do que suficiente para por duas dezenas de miúdas à beira de um ataque de sensualidade. Por coincidir com parte do concerto de Battles, o público não era muito. Mas quem lá esteve é a prova viva: a dupla Throes + The Shine cuiou a bom cuiar.

Throes + The Shine © Angela Costa
· 06 Dez 2011 · 00:53 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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