All Points West Music & Arts Festival
Liberty State Park, New Jersey
8-10 Ago 2008
De Domingo esperava-se pouco. E a chuva veio confirmar as expectativas reduzidas. Mas para além das condições atmosféricas, o terceiro e ultimo dia do festival era bastante inferior em termos de cartaz quando comparado com os dois primeiros. As escolhas pareciam sair um tudo ou nada da toada geral do festival. Falamos obviamente de Ben Harper e sobretudo do inenarrável Jack Johnson. Mas havia afinal motivos de interesse em todos os palcos do festival. O primeiro deles eram os Rogue Wave, que em dia de chuva – mais um –, e apesar do cenário eminentemente negro do cenário e das roupas, conseguiu espalhar alguma luminosidade e bom humor. E o segredo dos Rogue Wave está nas guitarras – não só mas sobretudo.

Rogue Wave © Angela Costa

Nem sempre é fácil arrancar positivismo aos Rogue Wave mas ele anda por lá em quantidades generosas. Asleep at Heaven's Gate está cheio dele. Zach Rogue é um escritor de canções dotado; aparentemente não vive obcecado com a o exterior das canções – apesar de não descurar na beleza – mas sim com o conteúdo e em extrair das mesmas um potencial escondido; as melhores coisas saem das canções dos Rogue Wave nos momentos mais inesperados e isso, ao vivo, é especialmente notório. Naquela tarde de guarda-chuvas e gabardinas – numa tarde de Agosto – as contradições e flutuações de humor dos Rogue Wave pareceram fazer especial sentido.

A chuva essa continuou; continuou mesmo com os sons dos mexicanos Rodrigo y Gabriela nas guitarras clássicas. Continuou quase até ao concerto de Cat Power e abrandou com a chegada desta para pintar a sua actuação apenas com alguns momentos de aguaceiros. Em cima do palco estava um disco chamado Jukebox e uma banda chamada Dirty Delta Blues, pronta a dar a Chan Marshall o apoio necessário. Há muita soul music em Jukebox e foi sobretudo isso que transpareceu ao vivo. Mas se algumas – poucas - canções pareciam transportar a magia dos seus originais, outras – muitas – soaram tão pouco inspiradas como o dia de Verão que as quis receber.

Cat Power © Angela Costa

Num concerto demasiado plano para haver grandes momentos, Cat Power foi rodando as canções com pouca chama e deitou por água abaixo – que conveniente – algumas das expectativas que se colocavam neste dia de festival. Não que seja uma surpresa – os relatos negativos dos concertos de Cat Power sucedem-se – mas espera-se sempre que alguma da magia de alguns discos trespasse para os concertos de Chan Marshall. Mas a magia andou longe daquele palco naquele dia. Longe dali, na despedida do Al Points West para o Bodyspace, ainda deu tempo de apanhar alguns bons apontamentos às fortalezas construídas pelos Secret Machines num festival que valeu sobretudo pela dupla actuação dos Radiohead e por alguns bons concertos dos dois primeiros dias. Para estreia, o Al Points West não se safou nada mal.

Secret Machines © Angela Costa
· 08 Ago 2008 · 08:00 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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