Festival Heineken Paredes de Coura 2007
Paredes de Coura
13/14/15 Ago 2007
Dia 13

O Verão já não é o que era antigamente. Em Paredes de Coura já não o é há bastante tempo, pelo menos a avaliar pelas últimas edições do festival. Nos últimos anos a chuva insiste em visitar Paredes de Coura no exacto momento em que a vila tem mais “habitantes”. Os sites da meteorologia e as televisões anunciavam chuva na terça e quarta-feira, proporcionando assim poucos momentos de paz aos campistas e aos festivaleiros em geral. Mesmo assim foram muitos os que se aventuraram a montar tenda na paisagem de Paredes de Coura, apesar de em menor número comparado com outras edições do festival. Eles arriscaram num festival de Verão que de Verão teve bastante pouco.

A música, essa, esteve como sempre presente. Depois de um dia de festa de recepção ao campista, Paredes de Coura entrava no seu primeiro dia a sério. Mas antes de tudo começar, havia uma baixa a lamentar: os suecos Mando Diao, que cancelaram o concerto. Assim, a actuação dos New Young Pony Club começava no palco principal uma hora após o previsto, para uma plateia ainda em composição. Eles são supostamente mais um nome do já célebre new rave, um rótulo aplicado a bandas como os Klaxons, aparentes responsáveis pelo nascimento do termo – uma piada que, ao que parece, perdeu o controlo. Os New Young Pony Club foram liderados com garra por Tahita Bulmer numa actuação que serviu para mostrar Fantastic Playroom. Apesar das dificuldades de som (para ouvir a voz de Tahita e os teclados), os New Young Pony Club proporcionaram alguns bons momentos – como “The Bomb”. Eles são, resumindo a coisa, uma banda divertida – e não muito mais do que isso.

Pouco tempo depois, os Sparta subiram ao palco de Paredes de Coura para ficar claro que eles são o elo mais fraco dos herdeiros legítimos dos At The Drive-In (apesar de tudo os Mars Volta são superiores). Numa actuação mais em força que outra coisa os Sparta mostraram-se algo confusos na direcção e pouco inspirados no conteúdo e na concretização. Apesar do alvoroço criado junto do palco pelo público, os Sparta deram um concerto desinteressante.

Um dos concertos mais esperados do festival era o da londrina de ascendência do Sri Lanka M.I.A., a autora do polémico e excitante Arular. O palco, meio vazio, recebia apenas o material do DJ de serviço (responsável pelas batidas e restantes efeitos), uma MC e M.I.A., o suficiente para dar vida às canções de Arular e do mais recente Kala. Chamou primeiro a atenção a beleza exótica de M.I.A. (em trajes prateados e brilhantes) e depois a força contagiante da sua actuação, muito por culpa de temas como “Pull Up The People e “Galang”. Mas também Kala foi motivo de festa em temas como “Bamboo Banga” e “Boyz”. Apesar de deficiências no som, o concerto de M.I.A. foi aquilo que se esperava: uma demonstração de força em jeito de viagem pelo mundo.

Para fechar a noite surgia o polémico Pete Doherty com os seus Babyshambles. Ele é o ex-namorado de Kate Moss, ele é o ex-Libertines, ele é um tipo com pouco talento e com muito jeito para as polémicas. E se muitos foram aqueles que ficaram para ver o tal tipo polémico, foram poucos os que resistiram ao Peter Doherty músico. Na guitarra as falhas eram constantes, o que destruía as canções já de si pouco inspiradas. Pete Doherty não é de forma alguma o músico que alguns parecem ver nele, e muito menos poeta – como lhe chamam por aí. A única excepção foi “Fuck Forever”, que apesar das falhas é dona de alguma graça. Um concerto fraco num dia menos feliz para Paredes de Coura. Feitas as contas, a rainha da noite foi mesmo M.I.A..
· 13 Ago 2007 · 08:00 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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