The Long Winters / Underwater Tea Party
Moby Dick Club, Madrid
20 Fev 2007
Mal subiram a palco assustaram com uma disparatada batalha de guitarras sem sentido algum, algo capaz de provocar má disposição. Pouco depois John Roderick desculpou-se e disse que nunca tinham feito nada assim, que era uma “grunge jam”. Levantava as mãos e repetia “grunge jam” com ar de mau. Tem desculpa porque os Long Winters, o projecto que John Roderick lidera, é de Seattle. O lançamento do disco Putting the Days to Bed em 2006 pela Barsuk tornou-se automaticamente na digressão Putting Spain to Bed de oito datas, duas delas em Madrid. Cabia ao Moby Dick receber então o power-pop dos norte-americanos e foi para isso que se encheu quase por completo. Os espanhóis são claramente fãs deste tipo de coisas.

The Long Winters © Angela Costa

Se há coisa que os Long Winters mostraram desde inicio foi bom-humor e boa disposição. Além da jam de grunge inicial que classificaram de ridícula, alinharam desde sempre em pedidos de canções e até projectaram o futuro da banda como tocando música manhosa em bares manhosos. John Roderick assumiu-se sempre e em todos os momentos como líder incontestado dos Long Winters. O passeio por Putting the Days to Bed teve em “Rich Wife” o seu ponto alto. Isto depois de John Roderick afirmar ironicamente que ser uma esposa rica era o pior emprego possível, algo que fica patente nas suas palavras durante o tema: “You should’ve been a rich wife / You missed the good life”.

The Long Winters © Angela Costa

Os Long Winters, que foram sofrendo várias alterações na sua formação ao longo dos tempos, são tão compactos ao vivo como em disco. Funcionam bem, a coisas está bem ensaiada e há pouco espaço para riscos. Guitarras e teclados em sintonia suficiente e canções coerentes no sentido de serem bastante parecidas umas com as outras – por vezes causadoras de distracções e evasões. Aventuraram-se ainda em outras jams bizarras e algo absurdas provocadas por motivos desconhecidos mas sempre identificadas. Resumindo. Ficou o bom-humor e um par de boas canções. Pouco mais.

Na primeira parte actuaram os madrilenos, Underwater Tea Party. Formados em Fevereiro de 2004, são uma das bandas em que os espanhóis da secção indie depositam mais esperanças. Eles são Clara Martinez, Irene Bonilla, Mikel Alberdi, Martí Perarnau, Ricardo Alvarez, vêm de pontos distintos da península mas têm gostos similares. São donos de uma pop a fazer lembrar directamente os Belle & Sebastian que andou entre o inofensivo e o agradável. Os destaques terão de ir para a voz feminina que lidera as operações, para os teclados inocentes e para algumas melodias bem esgalhadas.
· 20 Fev 2007 · 08:00 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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