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Cosmic Mass Vice Blooms

2019


Está tudo no primeiro verso, do primeiro "Mantra", a primeira faixa do primeiro disco dos Cosmic Mass: Everything is pointless. Ah, mas esperem, eles continuam: but love. E mesmo que isto não seja estritamente verdade de um ponto de vista ontológico, não há como não erguer um copo ou um pulso ou uma chama aos Cosmic Mass, que em poucos segundos descrevem o que de facto nos deveria alimentar enquanto seres humanos, em vez de andarmos a perder tempo com coisas que, bem, são meio que pointless.

Pointless poderia ser, também, tocar rock n' roll numa era em que o rock está morto, ou é um zombie, ou nunca esteve tão vivo, dependendo dos textos e das caixas de comentários e das fanzines e publicações musicais que andem a ler - ainda para mais quando esse mesmo rock n' roll que os Cosmic Mass tocam em pouco se distingue do rock n' roll que veio antes, e do rock n' roll que há-de vir, porque é extremamente difícil agradar aos puristas fugindo da fórmula.

Isto é, naturalmente, uma forma mais volumosa ao nível de palavreado de escrever uma das expressões-tipo da crítica musical: não reinventam a roda, mas... E, ao lado do mas, podemos acrescentar, dependendo do nosso grau de paciência: o que é que isso interessa? Não, os Cosmic Mass não reinventam porra nenhuma, mas fazem rock n' roll, e é apenas rock n' roll, e nós amamo-lo. Na grande maioria das vezes, isso ajuda a que a vida seja um pouco menos pointless.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
13/03/2019