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Ty Segall & White Fence Joy

2018
Drag City


Mal acabem de ler este mesmo texto, já Ty Segall terá editado mais quatro ou cinco álbuns novos. Esta afirmação pode parecer um manifesto exagero, mas parte de uma raiz verdadeira: pouca gente é hoje, no rock ou fora dele, tão profícua quanto o norte-americano de olhos azuis e nome a lembrar gaivotas. Aliás, na mesma semana em que houve uma nesga de tempo que nos permitisse escutar Joy, o seu segundo álbum em colaboração com White Fence, soubemos de mais três discos de Ty Segall: Orange Rainbow, e Pre Strike Sweep, com os GØGGS...

É, é difícil acompanhar a carreira de Segall a não ser que sejamos fanáticos, obsessivos, ou uma mistura dos dois. Já são demasiados os discos que dele ouvimos, editados ao longo de dez anos dedicados ao rock n' roll, o mesmo rock n' roll que Segall diz estar morto em "Hey Joel, Where You Going With That?", uma das faixas aqui presentes. Porque, bem, não bastam os discos a solo: há álbuns ao vivo, singles, parcerias diversas, bandas com este ou aquele nome. No meio disso tudo, o riff - uma hóstia eléctrica que nos leva (quase sempre) para mais perto do Criador.

Há alguns aqui presentes, como por exemplo em "Beginning", mas Joy é grosso modo um álbum mais contido do que aquilo que já ouvimos por parte de Ty Segall, o que se explica pelo facto de ser uma colaboração e não um disco a solo onde o norte-americano está no comando. Mais psicadélico e menos "garageiro", Joy acrescenta uma ou duas canções minimamente interessantes ao vasto repertório de Segall ("Hey Joel..." e "A Nod" à cabeça), sem nunca subir qualquer degrau na escala evolutiva. Só para coleccionadores, mesmo.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
31/10/2018