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Chris Carter CCCL Volume One

2018
Mute


Há que lavar a boca antes de falar de Chris Carter. Ao longo da sua carreira, o músico britânico esteve ligado a projectos e artistas que fizeram história, dos Throbbing Gristle aos Coil (membros da geração industrial na qual também se insere), dos Eurythmics a Robert Wyatt, passando por Boyd Rice, Monte Cazazza ou Current 93. Em suma: não será fácil criticá-lo. Há toda uma bagagem que é impossível de ignorar, a qual devemos ter em conta antes de falarmos de CCCL Volume One, primeiro trabalho a solo de Carter no espaço de 18 anos, e que também responde pelo título Chemistry Lessons.

Antes de mais, não se pense que este é um disco onde Chris Carter ou regressa às origens ou mantém a toada industrial que pautou todo o seu trabalho com o grupo que lhe deu visibilidade (os Throbbing Gristle, pois claro). Longe de ritmos maníacos, noise fodido e mensagens anti-humanidade, CCCL é uma obra menos radical, tanto em termos sonoros como de conceito. Composto por 25 faixas, sendo que apenas uma delas ultrapassa a barreira dos 4 minutos, está talvez mais próximo de f (x), o álbum que editou em 2015 com a sua esposa - e ex-colega nos TG -, Cosey Fanni Tutti.

Se esse era um álbum techno com laivos de música industrial, este é "apenas" techno, mas um techno sem agressividade ou grande consciência; há melodias sintetizadas, vozes que flutuam sobre a pista de dança, uma notória evocação do espaço segundo os Tangerine Dream em "Tangerines" e uma ou outra facada mais curtinha. É, sobretudo, acessível - o que, no caso de um artista com a história de Chris Carter, pode parecer bastante estranho. É essa a sua maior falha. De resto, ainda que não acrescente nada de novo a história do músico - ou da música -, proporciona uma hora agradável de relaxamento.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
15/05/2018