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MAST Thelonious Sphere Monk

2018
World Galaxy Records


Porque há que criar ligações. Trazer o passado para a frente e, em contragolpe, nesta Era de simplificações – um eufemismo para estupidificações – instigar os mais os novos, por novos meios, a descobrir o genuíno porquê das coisas. A música também merece, por entre tanta tralha que por ai pulula, um pouco de elucidação.

Thelonious Monk, pianista, lenda do jazz, improvisador – que faria cem anos a 10 de Outubro último –, é o foco único do último álbum do norte-americano Tim Conley, MAST a sua máscara. Tim é um desconhecido nas nossas latitudes. Pelo Wiki, vale o que vale, sabemos que trabalhou/ colaborou no passado com José James, King Britt ou Kendrick Lamar – estes os mais conhecidos.

Amante dos palcos, multi instrumentalista, escola jazz no curriculum, o pensador MAST é também académico da ciência da música electrónica, estudos que passam pelo techno, o hip-hop ou pelo drum n’bass. Tal gosto, tal abrangência leva a esta tal acutilância: a audácia de verter tudo o que sabe, viu e sentiu até ao presente para reimaginar/ reconfigurar a obra de Thelonious Sphere Monk.

Deste disco escusam os puritanos esperar veneração, formal religiosidade. A abordagem de Tim não é imediata. É espiritual. Escute-se, em exemplo, os mais emblemáticos de Monk, "Blue Monk", "Round Midnight", "Straight No Chaser" ou "Nutty", e como são atirados, sem medo, para uma muito própria e sofisticada existência; talvez por ali com um groove singular que o mestre nunca anteviu. Dá que pensar. Para velhos e novos. Uma lição de excelência.


Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com
09/05/2018