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Eoins Rites

2018
Seksound


Era uma vez uma banda. E depois essa banda acabou, deixando o seu frontman sem saber o que fazer. A ideia surgiu como uma lâmpada sobre a cabeça, em desenho animado: continuar a solo, cortar metade do nome da banda e lançar um álbum. Será mais ou menos esta a história de Madis Järvekülg, músico nascido na Estónia, que começou por se dedicar à aspereza do pós-punk nos Lack Of Eoins e que, agora, assina simplesmente como Eoins.

Era uma vez uma banda e, normalmente, quando uma banda acaba há sempre um período de confusão - interior (dos músicos) e exterior (dos fãs). Uma confusão na qual o bom do Järvekülg se parece ter inspirado para construir Rites, o álbum de estreia de Eoins. Porque Rites é de uma confusão atroz do início ao fim; como se o ex-frontman não soubesse o que fazer assim que se viu sem o apoio dos seus colegas.

Em Rites há, sobretudo, fragmentos de ideias: um pastiche dos Animal Collective logo a abrir, em "Hangman" (que é, ao que parece, uma versão de "The Maid Freed From The Gallows", uma balada tradicional britânica na qual os Led Zeppelin também pegaram), a folk bizarra de "Shiver & Shrug", rock gótico a fazer lembrar os She Wants Revenge em "Retrospect", o indie rock anos 90 de "Forever Gone Astray" ou um David Bowie electrónico em "Timelock". Só não há um fio condutor decente que nos permita concluir estar na presença de um álbum, e não de um conjunto de canções soltas. É pena.


Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
07/03/2018