Há muito que os Process Of Guilt têm mostrado ser uma das bandas mais interessantes, não só do panorama metálico actual, como de todo o "metal moderno" que se tem feito no século XXI, capaz de ir beber às mais variadas influências e não apenas aos pais do género. A banda eborense já está no activo desde 2002 mas foi, grosso modo, com o admirável Fæmin (2012) que conseguiram expandir a sua base de apoio e mostrar, a quem estivesse atento, que o peso é uma coisa muito séria.
Black Earth pode, por isso, ser visto como uma continuação de Fæmin. Os riffs continuam lá, negros e aterradores, o ritmo mantém-se intenso, a gravidade do som impele os corpos para a terra - a terra negra que tudo engole e despedaça. Sabemos ao que vamos quando o feedback de "(No) Shelter", imediatamente a abrir, é mero fogo de vista, como o segundo imediatamente anterior ao rebentamento de uma bomba nuclear. Cai-nos simplesmente em cima, e nem temos tempo de dar pelo quer que seja.
A mesma descrição se poderia aplicar a "Feral Ground", sete minutos de uma verdadeira marcha militar pântano adentro, mas é o tema-título aquele que realmente mira o abismo e se deixa cair. Your will is not enough, verso repetido ao ponto do nojo, é o lema que faltava para um álbum - e, talvez, uma vida - em que não parece haver esperança que nos valha. O caos de "Hoax" é só a sua confirmação. Que a terra nos engula.