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Tiago Sousa Samsara

2013
Immune Recordings


Tiago Sousa tem vindo paulatinamente a criar um corpo de trabalho que o coloca como figura essencial de uma certa música às margens da música sob a qual incidem todos os holofotes. Depois de Walden Pond’s Monk, em que Tiago Sousa se fazia acompanhar por um clarinete e percussão, Samsara é o seu primeiro disco a solo ao piano – e só ao piano.

Samsara, que significa o ciclo de vida na sua forma repetida, é um disco de crescimento para Tiago Sousa, um disco em que assume o risco de se expor a solo ao piano, um disco de auto-suficiência. Não é música clássica, não é jazz, é um piano aberto à ideia de não estar alinhado com um género específico. E é um disco comprometido com a beleza; seja de forma directa ou indirecta.

Ao longo de quatro temas, todos diferentes nas suas dinâmicas e cores, Tiago Sousa constrói um discurso que é apenas erudito no sentido de ser conhecedor, informado. A maior vitória de Samsara pode muito bem ser o seu grau de desafio; não só para quem o ouve, mas também para o próprio Tiago Sousa. A prova foi mais do que superada superada; agora a bola agora está novamente do seu lado.


André Gomes
andregomes@bodyspace.net
21/03/2013